A Liderança Espiritual (2º Parte)

Liderança Espiritual - Grupo Egor

A liderança focada na autoridade conferida pela organização, baseada na existência de líderes que chefiam com objetivos maioritariamente focados na produtividade e organizados numa estrutura piramidal constitui uma herança do taylorismo que ainda persiste, de forma mais ou menos velada, na esmagadora maioria das organizações.

No entanto, nas últimas décadas, a incapacidade dos modelos tradicionais de liderança darem resposta à complexidade da gestão das pessoas e as expetativas das novas gerações, colocou às organizações no Século XXI o desafio de dar a liderança um rosto humano e concluir que trabalhadores felizes fazem melhor o seu trabalho e são mais produtivos.

No início do Século XXI muitas empresas começaram a reconhecer que a liderança, associada em muitos casos a situações de corrupção e escândalos económicos e sociais, necessitava de gestores com qualidades de integridade, transparência e sentido de missão para liderar empresas mais modernas, motivar colaboradores e, a prazo, criar mais valor para os acionistas.

A liderança espiritual surge como conceito relativamente recente e inspira-se na convicção de que os problemas com que as organizações se defrontam são tão complexos que só podem ser resolvidos através de uma profunda transformação do espírito humano ao nível do self e considera que esta transformação constitui a única forma de promover as mudanças sociais que o mundo e as organizações necessitam.

Inspirada por líderes como Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Mandela ou Luther King a liderança espiritual considera que, no mundo tecnológico em que vivemos, constitui um modelo inspiracional que preserva valores, atitudes e comportamentos e permite ao ser humano motivar-se a si mesmo e aos outros por apelar para necessidades de bem-estar que implicam uma consciência e um auto conhecimento profundo. Nas organizações, onde existe uma genuína preocupação de transformação, da importância do sentido da vida humana, o significado do trabalho e o seu contributo para a sociedade constituem aspetos fundamentais da liderança. Daí que para muitos autores. a liderança espiritual tenha ido buscar os seus alicerces à forma como as cinco principais religiões analisam o mundo da liderança.

Estudos internacionais e projetos desenvolvidos com gestores de muitas das principais empresas nacionais demonstram que um número crescente de gestores e lideres considera que aprofundar a importância do trabalho e o significado da vida podem ser mais importantes que o estatuto social, as férias ou o dinheiro.

A importância conquistada na comunidade empresarial por praticas como a meditação ou o mindfulness confirmam a necessidade do ser humano se interrogar sobre o sentido de vida e de agir em consonância com valores eternos numa sociedade onde o stress e a incerteza do futuro se tornaram um flagelo universal.

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Amândio da Fonseca
CEO da Egor.